assim vai a cultura no Porto
Porto: Evento artístico na Baixa ameaçado por indeferimento
A Divisão de Trânsito da Câmara do Porto indeferiu um pedido de corte temporário da Rua Cândido dos Reis para um evento artístico no feriado de 05 de Outubro, disse à Lusa fonte da organização da iniciativa.
Rita Maia, da empresa de gestão de eventos culturais Ala B, afirmou que o festival «Se esta rua fosse minha...» obriga ao corte total do trânsito naquele dia, para que possa ser instalado um palco para concertos de música e outros espectáculos de teatro e dança que estão a ser preparados.
A data de 05 de Outubro foi escolhida pela relação que o vice-almirante Cândido dos Reis, que deu nome à rua, teve com a implantação da República, que se comemora nesse dia.
Cândido dos Reis, eleito deputado em 1910 pela lista republicana, suicidou-se em 04 de Outubro desse ano convencido de que iria falhar o golpe de Estado que conduziu à implantação da República no dia seguinte.
Rita Maia referiu que a Divisão Municipal de Trânsito da Câmara do Porto argumentou, no seu indeferimento, que «este tipo de actividades não justifica o corte total de trânsito de um arruamento principal da cidade».
«Este tipo de eventos deverão ser realizados em espaços de lazer e sem prejudicar o normal funcionamento de um arruamento da cidade», acrescenta a divisão municipal da autarquia na resposta ao pedido.
A empresa recorreu desta decisão, argumentando que a Rua Cândido dos Reis tem pouca circulação automóvel nos feriados e que há uma alternativa muito próxima, a Rua Galeria de Paris, para onde pode ser desviado o trânsito.
«Com este festival pretende-se estimular a visita da população à baixa portuense, uma área com um valioso património histórico construído e uma forte identidade cultural», argumenta a Ala B no recurso enviado à Divisão Municipal de Trânsito.
A empresa pede que seja revista a decisão, por considerar que se trata de «uma iniciativa de carácter cultural que contribui para a projecção da cidade».
Rita Maia manifestou-se desanimada com a proibição da Divisão de Trânsito, até porque, «por coincidência», a empresa recebeu a carta de indeferimento no mesmo dia, sexta-feira, em que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fechou o Plano B, bar, sala de espectáculos e galeria de arte propriedade da Ala B.
O Plano B, situado na Rua Cândido dos Reis, foi um dos 13 bares e discotecas encerrados pela ASAE no fim-de-semana por falta de licenciamento e/ou condições de higiene.
Rita Maia reconheceu que o Plano B estava a funcionar sem licença de utilização desde que abriu, em Dezembro de 2006, mas responsabilizou a Câmara do Porto por essa falha, afirmando que a empresa está «há um ano e meio» à espera que a autarquia licencie obras que a Ala B entretanto já fez.
«Só depois do licenciamento da obra podemos pedir a licença de utilização. A Câmara do Porto demora muito tempo a despachar», lamentou Rita Maia, dando como exemplo um restaurante, encerrado sexta-feira pela ASAE, que está há três anos à espera de licença de utilização.
«Às vezes perguntamos se valerá a pena trabalhar aqui no Porto. Não há apoios e há muitos obstáculos», desabafou.
Contactada pela Lusa, a Divisão de Trânsito da Câmara do Porto remeteu esclarecimentos para o Gabinete de Comunicação da autarquia, que, por sua vez, informou que o recurso apresentado pela Ala B para o corte de trânsito na Rua Cândido dos Reis «está a ser analisado».
O programa do festival «Se a rua fosse minha...» deverá ser conhecido apenas na próxima semana, dado que o prazo para apresentação de propostas termina sábado.
A organização do evento, que terá acesso livre, vai suportar as despesas de alojamento, alimentação e montagem dos espectáculos e intervenções artísticas que venham a ser seleccionados.
Rita Maia referiu que já foram recebidas várias candidaturas, de artistas portugueses e estrangeiros, nomeadamente de projecção de vídeo nas paredes dos edifícios, animação de rua e música, estando a ser estudada, com os comerciantes, a hipótese de as montras das lojas também acolherem instalações artísticas.
Diário Digital / Lusa - http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=294744
13-09-2007 12:19:00
E eu pergunto-me se só a Porto-Lazer (empresa municipal) tem o direito de cortar a circulação em várias artérias importantes da cidade, como vem sendo hábito, e sem ter a gentileza de informar previamente os portuenses.
Este blogue está aberto a todos os que desejem apoiar esta iniciativa do PLANO B!