O AVARENTO
ESTREIA
O Avarento
de Molière
encenação Rogério de Carvalho
criação Ensemble – Sociedade de Actores
27 Novembro a 20 Dezembro
Terça-feira a domingo | 21h30
O Teatro Carlos Alberto estreia no próximo dia 27 de Novembro a nova produção teatral da companhia Ensemble: O Avarento, de Molière, com encenação de Rogério de Carvalho.
O Avarento (1668) é possivelmente a comédia mais dura de Molière, aquela em que o autor melhor soube traduzir as patologias do humano num predatório jogo burlesco de onde ninguém sai ileso. Harpagão, um velho viúvo movido pelo egoísmo e pela avareza, protagoniza uma galeria de personagens obsessivas, agarradas à loucura de dominar.
Motivada pela “actualidade” deste texto com mais de três séculos, a companhia serve-se de todos os arquétipos do autor, que continuam a encontrar correspondências nas pessoas que vemos, ouvimos e lemos, para atacar o que eles representam: “reler a avareza de Harpagão, reler a ganância dos homens, dos respeitáveis homens de negócios é a oportunidade quase irónica em anos de crise financeira global”.
O Avarento estará em cena no Teatro Carlos Alberto até ao dia 20 de Dezembro, com sessões de terça-feira a domingo, às 21:30. A partir do dia 12 de Dezembro e até ao final da temporada, terá lugar na sala de vidro do Teatro Carlos Alberto, uma Venda de Natal, onde o público poderá encontrar uma selecção de produtos TNSJ - livros, DVDs, CDs e peças de merchandising - a preços especiais.
O Avarento
L’Avare (1668)
de Molière
tradução Alexandra Moreira da Silva
encenação Rogério de Carvalho
cenografia Pedro Tudela
figurinos Bernardo Monteiro
música Ricardo Pinto
desenho de luz Jorge Ribeiro
interpretação
Jorge Pinto Harpagão, pai de Cleanto e de Elisa, pretendente de Mariana
Emília Silvestre Frosina, alcoviteira
Clara Nogueira Mestre Tiago, cozinheiro e cocheiro de Harpagão
Isabel Queirós Mariana, apaixonada por Cleanto, pretendida por Harpagão; Senhora Cláudia, criada de Harpagão
Pedro Galiza Cleanto, filho de Harpagão, apaixonado por Mariana
Vânia Mendes Elisa, filha de Harpagão, apaixonada por Valério
Miguel Eloy Valério, filho de Anselmo, apaixonado por Elisa
António Parra1 Flecha, criado de Cleanto
Júlio Maciel Anselmo, pai de Valério e de Mariana; Pédaveia, lacaio de Harpagão
Tiago Araújo2 Mestre Simão, corretor; Comissário
Ivo Luz Silva3
Bacalhau, lacaio de Harpagão; Ajudante do Comissário
assistência de encenação Emília Silvestre
produção Ensemble – Sociedade de Actores
duração aproximada [2:15] com intervalo
classificação etária Maiores de 12 anos
1 Finalista da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo
2 Em estágio (Curso da Academia Contemporânea do Espectáculo)
3 Em
estágio (Finalista da Academia Contemporânea do Espectáculo)
Teatro Carlos Alberto
[27 Novembro | 20 Dezembro 2009]
terça-feira a domingo 21:30
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Teatro Carlos Alberto
Plateia 15€
Balcão 10€
Informações Linha Verde TNSJ │ 800 10 8675
Número grátis a partir de qualquer rede.
Teatro Carlos Alberto
Rua das Oliveiras, 43
4050-449 Porto
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Sem hesitar, escolho Molière
Richard Foreman*
Sempre pensei que escolhíamos verdadeiramente o nosso campo optando por Shakespeare ou por Molière. Sem hesitar, escolho Molière. Para mim, Shakespeare parte de um sistema preestabelecido e, dentro dos limites impostos por este sistema, joga ao pequeno jogo da estratégia política, opondo indivíduos, nações ou facções em combates com vencedores e vencidos, ao que acresce, em geral, um acto de vingança que conduz à reviravolta final. Mas este tipo de jogo nunca me pareceu interessante. Em contrapartida, sempre me senti fascinado pelos autores que procuram abordar os comportamentos humanos a um nível bastante mais fundamental ou primário.
Com Molière, tenho o sentimento de me confrontar não tanto com o jogo social e as estratégias (aos meus olhos, aborrecidas) que o caracterizam, mas muito mais com um questionamento dos fundamentos exactos de “como vivemos a nossa vida” com a necessária estupidez (ou seja, a intensa teatralidade) que caracteriza sempre este tipo de iniciativas desesperantes.
Como ser “moral”, ou um burguês digno, como legitimar as perversidades da paixão, como se submeter ou submeter os outros a uma educação ou a uma disciplina que permita estabelecer as regras do jogo – EIS o que me agrada, eis o que me atrai: ir ver o que existe por trás para tentar apanhar o mecanismo – por oposição aos que depois se contentam em funcionar no interior de um conjunto de regras já constituídas (ou seja, no meu entender, Shakespeare, Ibsen, e quase todos depois deles).
A estratégia shakespeariana é-me estranha. As suas intrigas de conquista do poder parecem dar lugar a desenvolvimentos tão grosseiramente previsíveis que não têm qualquer efeito estimulante na minha própria criatividade. Mas os absurdos imbróglios molierescos, que reflectem a dificuldade de criarmos um código moral, relacional, intelectual, ou espiritual, e os esforços realizados para nos adaptarmos a esta realidade, para a encarnarmos, ou a evocarmos – esse, sim, é um teatro que me inspira. E, aos meus olhos, Molière é o génio absoluto deste tipo de táctica teatral. É neste terreno que eu próprio tento também situar-me.
* “Sans hésiter, je choisis Molière”. OutreScène: La Revue du Théâtre National de Strasbourg. N.º 5 (Mai 2005). p. 85.