Conservatório faz 90 anos e diz adeus ao velho edifício
pedro correia (foto) |
Apesar das precárias condições, Conservatório de Música continua a ter alunos a ganhar prémios |
Manuel Vitorino
Foi entre recordações
marcadas pela simbologia do lugar e notas de optimismo quanto ao futuro
que o Conservatório de Música do Porto começou, ontem, a celebrar 90
anos da sua intervenção na vida artística da cidade. Concertos,
palestras, concursos de música de cravo e de câmara, bem como a edição
de uma monografia, são algumas das iniciativas previstas. Amanhã e
sábado, às 21. 30 horas, Astor Piazzola será homenageadono Teatro
Helena Sá e Costa, num espectáculo intitulado "Portango Suite".
As escadas,os vitrais (lindos e valiosos), sem esquecer a clarabóia
única no Porto, e as salas do edifício onde gerações de músicos
estudaram são as mesmas do início do século XX. Em termos
arquitectónicos, o velho imóvel é uma relíquia, faz parte do património
musical e afectivo da cidade. Porém, hoje, este espaço marcante não tem
condições físicas nem acústicas. É uma memória do passado. Mesmo assim,
todos os dias cerca de 600 alunos e professores fazem autênticos
milagres e continuam a fomentar o ensino artístico em Portugal.
Por isso, estas celebrações serão as últimas a festejar no
velho edifício da Rua da Maternidade "Se for cumprido o programa gizado
pelo Ministério da Educação, o próximo ano lectivo será o último",
lembrou Moreira Jorge, presidente do Conselho Directivo da instituição,
que passará para a Escola Rodrigues de Freitas.
Enquanto solta palavras de esperança num futuro diferente, a
pequena sala de aula do Conservatório (onde se fazem recitais e
concertos em dias de festa) deixa entrar sons de clarinete, improvisos
dos jovens músicos "Apesar das precárias condições, continuámos a ter
alunos a ganhar prémios nacionais e internacionais. As instalações não
servem de escapatória", diz.
A professora Isabel Rocha, responsável pelo programa preferiu
destacar a "vitalidade" da escola do Porto, como pólo do ensino
artístico e destinada a animar culturalmente a cidade. "O programa não
está fechado", disse. A saber "Era uma vez um violoncelo", um
"workshop" para as escolas do pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico
(dia 23); "Águas Mil", espectáculo pluridisciplinar, (dia 28); "Cordas
e voz - viagens no tempo", (dia 7 de Maio); concerto pelas orquestras
do Conservatório de Música.
Na instituição onde estudou Guilhermina Suggia, Pedro
Burmester, Paulo Gaio Lima e tantos outros músicos de renome, não se
esquece o passado, mas agora, tenta-se recriar outro "hino à alegria".
publicado no Jornal de Notícias