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Agenda do Porto
22 mai 2007

23 MAIO a 10 JUNHO : EVENTOS - maus hábitos


Foto_Alv_o__1939

(foto Alvão - 1939)


23, Quarta - entrada livre
RODRIGO AFFREIXO
Dj set (salão nobre, 22h)

24, Quinta - entrada livre
SPOT
Dj set (salão nobre, 22h)
+info: myspace.com/supremeknowledgecrew

25, Sexta - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor de
1 euro
ALEX SEAGO + HEITOR ALVELOS
Dj's set (salão nobre, 22h)

FESTA DO EVENTO CULTURAL ANANIL
(apresentação do evento na Fnac dia 24, às 18h)
+ info: www.ananil.com

ANDREU JACOBS
Concerto (sala de espectáculos, 23.30h)
+ info: myspace.com/andreujacob

THE BITCH BOYS - PRAÇA E PRAÇA
Dj set (sala espectáculos, 23.30h)

26, Sábado - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor
de 1 euro
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

JAZZ NO SALÃO - ACÚSTICO UNPLUGGED
André Fernandes (guitarra), Jorge Reis (sax), Demian Cabaud
(contrabaixo), João Lencastre (bateria)
Concerto (salão nobre, 23.30h)

DINIS APRESENTA FLASHDANCE
+
HK & EDD VISUALS - EDGAR ALBERTO E HELDER CARDOSO
Dj + Vj's set (sala espectáculos, 24h)
+ info: myspace.com/edgar_alberto

27, Domingo - entrada livre
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

30, Quarta - entrada livre
RODRIGO AFFREIXO
Dj set (salão nobre, 22h)

1º ANIVERSÁRIO MILONGA
MAUS HÁBITOS DE SALÃO - ENTRADA LIVRE
Milonga mensal - última quarta do mês
(salão nobre, 22h)
http://liberaisdotango.atspace.com

VERDADEIRO E FALSO - Projecto de Luis Mestre
Teatro (sala espectáculos, 24h)

Conseguir um momento de verdade exige que
os melhores esforços do actor, encenador, autor e cenógrafo se unam;
ninguém o consegue sozinho. Peter Brook
O objectivo primordial deste projecto é, como o próprio nome indica, a
procura da Verdade no Actor.
Na maior parte das vezes que vamos ao Teatro, deparamos com
espectáculos chatos e actuações insípidas por parte dos actores. De uma
maneira geral, culpamos esses mesmos actores pela nossa experiência
falhada como público. Felizmente, numa boa parte das vezes, essa culpa
acenta mal aos intérpretes, pois são vários os factores que fazem com
que um espectáculo não alcance os objectivos propostos: um defeituoso
trabalho dramatúrgico, uma cenografia desequilibrada, desinteressante e
por vezes supérflua, os figurinos absolutamente desenquadrados, uma má
direcção por parte do encenador, um texto desinteressante, etc. Todos
este pontos, e outros tantos, impedem de dar a oportunidade e,
consequentemente, as condições de trabalho para que a Verdade no actor
aconteça.
Com este projecto, vai tentar-se criar as condições necessárias para
que o actor alcance o mais rapidamente e o maior número de vezes, a
Verdade, para daí conseguir uma boa actuação complementando assim, com
os outros actores e com todos os aspectos técnicos.

31, Quinta - entrada livre
PRÉ-INAUGURAÇÂO DA EXPOSIÇÃO
COM HAPPENING DE VANDERLEI LOPES
Happening (a partir 22h)

ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

BRASIL EM QUINTAS #
TADEU MARQUES + DJ FRANCIS
Performance+dj set (sala espectáculos, 23.30h)
Um breve passeio pela música popular brasileira que vai desde a "jovem
guarda" passando pela "bossa nova", "tropicalismo", "tribalismo",
"samba", entre outros.

01, Sexta - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor de
1 euro
ETHAN HOFMAN
Dj set (salão nobre, 22h)

Ethan é formado nas escolas da Danceplanet em 2004, no mesmo ano ganha
a residência mensal nos afters-hours do Bar Get it/B-side. Passando
tambem pelo Rocks, Superclub, Bar Oahu, Dali Bar, Marés do Aterro,
Queima das Fitas( Fernando Pessoa Bar), e muito recentemente a primeira
internacionalização em Peterborough (Inglaterra) no League.




COMPANHIA CHAPITÔ
Animações (a partir das 23h)
+ info: www.chapito.org

02, Sábado - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor
de 1 euro
INAUGURAÇÂO DA EXPOSIÇÃO
exposição (salas expositivas, a partir 22h)

GANG OF ONE - MARK POLLE
Dj set (salão nobre, 22h)

HUMANIZATION 4TET
Concerto (sala de espectáculos, 23.30h)

O HUMANIZATION 4TET é um jazz combo orgânico luso-americano que junta
dois músicos portugueses, o guitarrista Luis Lopes e o saxofonista
Rodrigo Amado a dois músicos norte-americanos, Aaron e Stefan Gonzalez,
respectivamente contrabaixista e baterista. São quatro músicos oriundos
do jazz e da música improvisada com percursos que não dispensam a
passagem pelos mais variados estilos musicais como o rock/pop, o blues,
o hip hop e o punk. O grupo apresenta seis composições de Luis Lopes
cunhadas pela interacção triangular de Performer’s – Composição –
Improvisação, criando uma textura densa e homogénea que constrói/
desconstrói o(s) jazz(es) obedecendo a uma estética de música criativa
universal como forma de expressão artística.

Em suma, o Jazz sempre presente como matriz e fonte estética,
universalista, aberto a tudo e grávido de futuro. A ouvir...
Luis Lopes (guitarra), Rodrigo Amado (sax alto, tenor e barítone),
Aaron Gonzalez (contrabaixo), Stefan Gonzalez (bateria)



03, Domingo - entrada livre
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

06, Quarta - entrada livre
RODRIGO AFFREIXO
Dj set (salão nobre, 22h)

07, Quinta - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor
de 1 euro
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

1 MAUS HÁBITOS DARK FESTIVAL
Bandas:
THE END GATE
LOSS SPECTRA OF PURE
MY EYES INSIDE
REVOLUTION
Concertos (sala de espectáculos, a partir 22h)

DLE + ETERNAL_SLEEP
Dj set (sala de espectáculos, 2h)

08, Sexta - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor de
1 euro
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)

PLÁSTICA
Concerto (sala de espectáculos, 23.30h)
+ info: www.plastica.com
myspace.com/plasticamusic

Chegados a 2006 e já com alguns anos de carreira, quem são estes
Plastica? Como tudo na vida, a resposta depende de toda a experiência
adquirida e esta remete para um primeiro álbum “Pop Songs and Rock
People” mais virado para uma pop/rock colorida e para um segundo que
inverteu o sentido da sua marcha. “The Red Light Underground”, de 2004,
tem duas leituras distintas. Por um lado, um sentido de independência
editorial que fez com que a banda passasse a controlar todo o processo
de elaboração de um disco, desde a composição até à sua promoção. Por
outro lado, mostrou canções mais “fortes”, também muito influenciadas
pelo psicadelismo e até por algum “glam” (nomeadamente as figuras de
Marc Bolan e David Bowie).




FRITUS POTATOES  SUICIDE + DOUBLE DAMAGE
Dj set (sala espectáculos, 1h)
[rock . electro. heavy-disco. punkn´roll] é o mote para as festas
CASH FROM CHAOS realizadas pelos FRITUS POTATOES SUICIDE desde 2003.
Um cruzamento de estilos e épocas que tem animado as pistas de dança da
Invicta (Zénite, Contagiarte, Circa, Porto Rio, Artes Múltiplas,Hard
Club, Rádio Bar e Triplex, onde têm residência mensal desde Junho de
2006) mas também de Viana do Castelo (Nasoni), Estarreja (Cineteatro de
Estarreja), Penafiel (Bardo Lago), Açores (PDL e República, em S.
Miguel) e Bélgica (World´s End, Kinky Star e Vídeo, em Gent). No ano
passado foram convidados para "tocar" na tenda Toyota, durante os 4
dias do Festival de Paredes de Coura. As suas editoras de referência
são, entre outras, a Kitsune, Institubes, Ed Banger, DFA, Modular,
Turbo, Pias e Citizen.
A manipulação visual está a cargo de OFF DUTY ou de BERY VERRY
STRAWBERRY.
info: myspace.com/frituspotatoessuicide,
frituspotatoessuicde.blogspot.com ou guerrilhaclub.blogspot.com

09, Sábado - taxa moderada de incentivo à produção artística no valor
de 1 euro
ECLECTIVE COLLECTIVE
Dj set (salão nobre, 22h)

10, Domingo - entrada livre
ANTONIO
Dj set (salão nobre, 22h)



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2 JUNHO a 22 JULHO: EXPOSIÇÃO COLECTIVA
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Pré-inauguração dia 31 Maio, quinta, pelas 22h, com happening de
Vanderlei Lopes
Inauguração dia 2 Junho, sábado, pelas 22h

O espaço de intervenção cultural Maus Hábitos tem-se caracterizado, no
campo das artes plásticas/visuais pela diversidade, no que diz respeito
a conceitos, linguagens, tendências, nacionalidades, etc.
Desde 2001 que este espaço tem acolhido múltiplos projectos e
trabalhado com artistas portugueses e estrangeiros. No caso dos
estrangeiros, são inúmeros os projectos, individuais e colectivos, que
têm trazido á cidade do Porto artistas que, na sua esmagadora maioria,
não estão no circuito galerístico ou museológico desta cidade.
Desta forma, o espaço Maus Hábitos tem vindo a contribuir para o
alargamento do leque cultural de exposições na cidade, aumentando os
olhares para fora e desde fora, contribuindo assim, para o
cosmopolitismo que é fundamental no desenvolvimento cultural de
qualquer cidade. Nesse aspecto os projectos colectivos têm tido mais
eficácia e destacaram-se os que se organizaram por territórios, que
foram o caso de Angola, Chile, Roterdão, Barcelona, Santiago de
Compostela, Londres e Rio de Janeiro.
Desta vez, o Maus Hábitos traz-nos um grupo de artistas que vivem e
trabalham em São Paulo. São estes, José Paiani Spaniol
(escultura/fotografia), Nino Cais (fotografia) e Vanderlei Lopes
(vídeo/instalação). Assim, no próximo dia 31 de Maio terá lugar a
pré-inauguração da exposição com um happening de Vanderlei Lopes que
vai resultar num trabalho de gravura de grande dimensão e vídeo que
farão parte da exposição a inaugurar no dia 2 de Junho (sábado) e que
estará patente até ao dia 22 de Julho.


Artistas:
NINO CAIS - São Paulo (Brasil) (fotografia)
O trabalho de Nino Cais persegue dois conceitos aplicados à escultura:
de um lado a perda da base (conforme enunciada por Brancusi) e de outro
a acção do artista como dado (conforme colocado por Richard Serra). O
seu trabalho pode ser considerado uma forma de escultura expandida.
Obras anteriores já contemplavam o corpo, mesmo através da ausência:
uma cadeira vazia apoiada em delicados pires e chávenas pede o peso de
um corpo sobre ela. Actualmente o corpo aparece engrenado com estes
objectos do ambiente doméstico. Um corpo íntimo destes objectos
contaminados de afecto e memória. Um lugar simples: as toalhas de
croché foram produzidas pela mãe e estavam guardadas à muito tempo.
Agora servem como adorno ou protecção. Voltar ao lugar seguro, da casa,
da família. O artista é base da escultura e evidencia a acção
escultórica. As composições criam totens, quase um lugar religioso,
composto por objectos triviais mas que reafirmam nossa existência,
anseia por laços com a eternidade.





VANDERLEI LOPES- São Paulo (Brasil)  (vídeo/instalação)
Artista que vem-se destacando no cenário brasileiro das artes plásticas
nos últimos anos, Vanderlei Lopes possui trabalhos em diversos média
como desenho, fotografia, objecto e vídeo. Nasceu no estado do Paraná,
no sul do Brasil e vive em São Paulo, onde se licenciou em Artes
Plásticas pela Universidade Estadual Paulista e fez diversos cursos
complementares na área.
Realizou várias exposições entre elas Nefelibatas, no Museu de Arte
Moderna de São Paulo, em 2002, no Centro Cultural São Paulo, em 2003,
onde recebeu Prémio aquisição, na Galeria Virgílio em 2005, Novas
Aquisições, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2007.
No Espaço Maus Hábitos, dando continuidade às suas pesquisas em que
relaciona desenho e imagem, o artista apresenta dois vídeos e um
happenning. Trata-se de um desenho de um avião em voo com o seu risco
de fumo, feito com pólvora, no chão do próprio espaço. No final, é
colocado fogo no desenho a partir do risco de fumo desenhado e, por
meio da reacção em cadeia detonada pela pólvora, o fogo percorre o
rastilho até queimar todo o desenho. Numa menção à sombra projectada
pela luz do sol, num avião que cruza o espaço aéreo do Porto, a figura
então, fica gravada, fundida no chão e por momentos convive com o som e
o fumo da queimada. Essa acção será gravada e exibida em vídeo, nos
dias que se seguem a abertura da exposição. No vídeo, Árvore, realizado
num hangar particular da zona leste de São Paulo, há o registo do
desenho de uma árvore a ser feito directamente no chão, utilizando
pólvora. A construção do desenho é acompanhada pelo som do ambiente e
também das mãos que raspam no chão, no movimento de juntar o material.
Por fim, é colocado fogo na figura, e este percorre as linhas de
pólvora, refazendo o desenho. Assim que o fogo passa, a figura
reaparece novamente, no meio do fumo, gravada no chão. O trabalho de
Vanderlei Lopes vem-se caracterizando pelo uso de técnicas diversas bem
como o cruzamento e a sobreposição de questões referentes a cada uma
delas. Na sua observação do mundo, a exploração do desenho, os seus
desdobramentos e limites em outros média, revelam-nos uma ideia de
recriação da natureza e levam-nos a um questionamento da ideia de acção
como experiência. Pares de conceitos como realidade e ilusão, acção e
impossibilidade, construção e desconstrução, natureza e cultura,  estão
constantemente em jogo. Nos seus últimos trabalhos há, por meio de uma
acção, uma alternância entre o que é revelado e o que é apagado, entre
o que vemos e o que pensamos.



JOSÉ PAIANI SPANIOL- São Paulo (Brasil)  (fotografia/escultura)
"O Secreto das coisas"
Desta vez José Spaniol apresenta-nos o sono dos objectos. Coisas
triviais como escada, cadeiras, mesa, cama, em escala real, versão
miniaturizada e ainda através de uma sequência de fotografias, todas
elas de pernas para o ar, projectando-se para o alto como numa revolta
contra o modo habitual com que as vemos todos os dias. José Spaniol não
é o primeiro a perceber que os objetos descansam, que possivelmente
sonham e que, da nossa parte, o convívio continuado com eles leva-nos a
delirar. Para não recuar muito, basta lembrar da importância dos
objetos, receptáculos de segredos, nas poéticas de extracção
surrealista, ou mesmo em textos como os de Clarice Lispector, como
aquele em que Ana, nome/palíndromo como a própria ordem das coisas, ao
entardecer, via-se ameaçada pelos objetos e suas sombras alongadas, os
mesmos que de manhã regressavam da madrugada dóceis e empoeirados, como
que arrependidos. O que sonham os objectos? Sabe-se pouco disso, embora
seja possível conjecturar que sonham ser outras coisas, assumir outras
configurações, quem sabe uma vida mais agitada ou pelo menos livre de
nós. Mas antes de prosseguir convém destacar que essa fantasia animista
procede. Afinal, os objetos são feitos por nós e para nós. Têm a nossa
medida, a curvatura do nosso corpo, adequam-se ao tamanho dos pés, à
altura do nosso corpo sentado. Acomodamo-nos neles a ponto de, no
melhor dos casos, confundirmo-nos com ele. Não é mesmo assim? Não
reagimos com irritação quando nos querem retirar do aconchego da cama,
o encaixe exacto da cabeça no travesseiro? Essa cumplicidade, essa
compreensão do corpo à conformação do objecto é a prova de uma relação
fundada na reciprocidade: estamos nos objectos como eles em nós. Temos
um pouco deles introjectados, como eles têm muito de nós. Então por que
não algumas das emoções e sentimentos? Ou não existem facas e tesouras
mal intencionadas, poltronas protectoras, mesas solidárias? Como há
também sinfonia desencontrada e ininterrupta de estalos, rangidos,
baques, chiados, além do surdo e inquietante tic tac do relógio e o
ruído rascante de metais se atritando na chave que gira na fechadura.
Há de tudo numa casa, em todas as casas e ambientes que frequentamos. E
há a possibilidade de que os objectos se cansem disso tudo. Pois afora
a serventia que os justifica e consagra, aquela a qual damos o nome de
“utilidade”, há também a simples função de estar aí, a função
dissimulada mas igualmente eficaz de barrar nossos passos, criar
obstáculos, aquilo que Vilém Flusser chamava de “perfídia dos objetos”.
Eles estão em todos os lugares, lembrando-nos, a partir de encontrões
ocorridos ou evitados, da nossa existência assim como a existência
deles. É comum a queda abrupta dos cimo dos nossos devaneios, o tapa
seco que a realidade, quase sempre pela via do objecto, de uma topada a
uma porta batendo, insiste em desferir cada vez que nos alheamos dela.
Ah, o que podem os objetos...
Mas os objectos de José Spaniol, esclareça-se, não estão sonhando.
Neles não há vestigios de deformação ou de uma roupagem insólita, como
os objectos das pinturas de Dali, a xícara peluda de Meret Oppenheim.
Nessa linhagem Rene Magrite, esse mestre na perturbação do vocabulário
imagético naturalista mais ordinário, parece ser seu parente mais
próximo. Deles pode-se então dizer que estão  literalmente em
suspensão, submersos no sono, esse estado, no dizer de João Cabral de
Melo Neto, que é “um poço em que mergulhamos, em que estamos ausentes”.
Ausentes ainda que nossos corpos semi-inertes prossigam deitados na
cama. Então é como que os objectos, deixados a sós, quando a noite
segue em mar alto com os nossos lençois convertidos em velas enfunadas,
pudessem finalmente descansar. Abandonam-se ao sono, essa palavra,
ainda no dizer de João Cabral, “feita de sons que parece se prolongar
no escuro”, para ir suavemente se espichando para cima, como que se
libertando momentaneamente da acção da gravidade. Contudo, no meio do
caminho, sem corte nem interrupção de qualquer espécie, como se
houvesse um espelho invisível que os sugasse para dentro, os objectos
trocam de posição, invertem-se, e continuam apenas que de  cabeça para
baixo. Os objectos de José Spaniol, em particular aqueles realizados em
madeira e com quatro metros de altura, conservam a domesticidade das
aparências ao mesmo tempo em que efetuam uma ligação entre o céu e o
chão. E ao procederem desse modo, ao estabelecerem contacto com esse
espaço secreto, o que provavelmente acontece todas as noites, renovam
sua carga de mistério, aquela mesma que faz com que, às vezes,  sem que
saibamos porque, olhemos desconfiados para eles, ressabiados pela
certeza de que sejam habitados por sombras.
Agnaldo Farias




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Maus Hábitos
Rua Passos Manuel, 178 - 4º porto
222 087 268 


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