Miguel
Torga é um nome maior da literatura portuguesa e toda a actividade
cultural que se possa realizar à volta da sua obra será sempre semente
frutuosa. Foi com enorme empenho e entusiasmo que a Árvore, a convite
da Direcção Regional da Cultura do Norte do Ministério da Cultura, se
envolveu no projecto – INTERREG (Projecto Inter-Regional da Direcção
Regional da Cultura do Norte onde se incluem as mais diversas formas de
manifestação artística e consequente divulgação cultural). Assim a
cultura é mais uma vez causa de aproximação de regiões e de “abolição”
de fronteiras.
A Árvore é comissária e
organizadora de todo o material de suporte à visibilidade e divulgação
de uma exposição, com o tema proposto – TORGA – RETRATOS E PAISAGENS.
É igualmente da responsabilidade da Árvore a itinerância desta Exposição de Homenagem ao Centenário do Nascimento de Miguel Torga e sua montagem nos diversos locais.
Próximas datas e locais desta itinerância: - 9 a 30 de Setembro de 2007, Museu de Lamego - 3 a 31 de Outubro de 2007, Biblioteca Pública de Zamora - 7 a 31 de Dezembro de 2007, Biblioteca Municipal de Chaves
Definiu-se
o conceito de intervenção nesta exposição como emissária itinerante de
um conjunto de obras de artistas portugueses contemporâneos, de
gerações próximas mas diversas, que encontraram motivação na obra e
personalidade de Miguel Torga. A nosso convite os artistas
realizaram duas telas, inspiradas num texto à sua escolha da autoria de
Miguel Torga, de um mesmo formato e dimensão, que asseguram desta
forma, a unidade visual do conjunto.
A Árvore agradece aos
artistas que tão generosamente aceitaram participar neste projecto, de
onde surgiram 28 telas (2 telas por artista) concretizadas por 14
artistas plásticos: Alberto Péssimo, Albuquerque Mendes, Benedita Kendall, Cristina Valadas, Evelina Oliveira, Graça Morais, Gracinda Marques, Henrique Silva, Isabel Padrão, Joana Rêgo, José Emídio, Luís Melo, Luísa Gonçalves, Teresa Gil. Breve curriculum dos artistas plásticos convidados
Clique aqui e veja algumas das obras destes artistas plásticos!
Do catálogo que acompanha a exposição TORGA – RETRATOS E PAISAGENS
faz parte a reprodução integral de todas as obras, acompanhadas dos
excertos dos textos que serviram de mote aos artistas na execução das
telas.
(…) A minha curiosidade é
grande. Pergunto a mim própria, leitora atenta e apaixonada do
escritor, de que cores se servirão esses artistas para nos darem a
conhecer o Portugal que ele correu de lés-a-lés, ora de caçadeira ao
ombro, ora simplesmente viajando para decifrar as linhas mágicas com
que se cose uma Pátria, para entender como era possível sentir-se cada
vez mais português mesmo amando e sentindo-se bem quer na Galiza, quer
em Castela quer na Catalunha. Viajante compulsivo, os seus olhos
leram a realidade que o cercava com um alfabeto de emoção, de
deslumbramento, mas também de crueza. Sítios houve que o marcaram
profundamente e a que recorrentemente regressava para suavizar a dor
que o feria. S. Martinho de Anta era um desses lugares. E o seu
Reino Maravilhoso? Haverá ainda tintas e matizes para lhe dar vida? E
que texturas, que densidades podem dar forma ao transmontano de “antes
quebrar que torcer”, homens de um só rosto, duros no aspecto ternos no
coração, capazes de derrubar montanhas e simultaneamente de se
enternecerem com “uma mãe que faz a trança à filha”? Com que linhas
e luzes, com que tonalidades darão os pintores ao Douro o sentido
trágico da vida – tem tudo para ser grande mas teima em manter tristes
e pobres os homens que lá trabalham. (…) Neste ano de 2007, quando
se celebra o centenário do seu nascimento, a exposição que resultará
deste desafio lançado aos criadores, estou certa que constituirá um
excelente momento de reflexão sobre a mensagem que Torga deixou mas
sobretudo um momento de reflexão sobre Portugal e sobre cada um de nós. in catálogo da exposição, excerto do texto da autoria de Helena Gil (DRCN), Ed. Cooperativa Árvore, Junho 2007.
É
de desejar e fazer cumprir este fluir entre culturas que se formaram
nas margens próximas dos dois países, unidos por traços de semelhança e
diferença, de quotidianos vividos na rudeza da paisagem, retrato de
gente e bichos, que Miguel Torga tão bem soube perpetuar na sua obra. Solidária
com o propósito deste projecto, a Árvore no seu envolvimento, tudo fez
para merecer e dignificar o convite que nos foi feito. |