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Agenda do Porto
17 novembre 2007

Sábado - 17.11.2007 | Passos Manuel

POP DELL'ARTE em             Concerto - Auditório - 23h. - 7,5€

            

            

POPologias
Do             início da década de 80 tinha chegado a estes portos boa nova da             definitiva afirmação de uma vida possível para as manifestações             pop/rock em solo português. Com o avançar do tempo, entre palcos             como o do Rock Rendez Vous, casas atentas na noite de Lisboa*,             pontuais emissões de rádio e emergentes publicações e, last but not             least, as demandas de novidade e velharia in na Feira da Ladra, uma             nova cultura, alternativa, começava a ganhar corpo e forma. E nos             Pop Dell' Arte encontrou não só determinantes protagonistas, mas             também uma das mais marcantes bandas sonoras de afirmação de             inquietude artística, visão pop e invulgar capacidade em cruzar             meios, linguagens e universos.
Não era invulgar, no Portugal pop             de meados de 80, uma banda nascer para concorrer ao concurso de             música moderna que todos os anos o Rock Rendez Vous organizava             naquele espaço que fez história na Rua da Beneficência ao Rego. E os             Pop Dell' Arte foram uma entre muitas histórias de natalidade com             olhos postos no concurso. Nasceram em Campo de Ourique em 1985, e             nesse mesmo ano assinaram a sua cédula com a inscrição no concurso             que, apesar de vencido pelos THC, lhes deu o prémio mais falado nos             meses que se seguiram: o de originalidade, sinal de autenticação de             consequentes ousadias formais na música e primeiro reconhecimento do             talento performativo de João Peste.
A Dansa do Som, pequena             independente que então assinalava cada triunfo no concurso com a             edição de um disco, mostrou-se interessada, mas de um             desentendimento artístico nasceu uma necessidade em vingar por meios             próprios. Sem intermediários. O incidente conduziu à formação da Ama             Romanta, a primeira independente portuguesa gerida exclusivamente             por músicos, e com mote ideológico encontrado numa esclarecedora             entrevista de João Peste ao sociólogo Paquete de Oliveira (mais             tarde incluída como faixa spoken word na compilação Divergências , o             manifesto da editora). A Ama Romanta foi casa de nomes como os Croix             Sainte ou Anamar e, claro, os Pop Dell'Arte que se estrearam em             disco em 1986 com o máxi-single Querelle , peça fulcral na             construção das fundações de uma identidade artística feita de uma             colecção de referências muito próprias, e que acabou por ser de             importância maior na inscrição inevitável de um espaço musical             alternativo no Portugal de então.
O grupo vincou as promessas de             Querelle e registou a sua patente estética ao editar, em 1987, o             single Sonhos Pop e o soberbo álbum Free Pop . Este último não só é             tido como um dos mais importantes discos do Portugal musical de 80,             como é palco de evidências de uma atitude artística de abertura e             assimilação de correntes captadas nas letras, nas artes visuais, da             colagem à citação, e representou uma das primeiras experiências de             construção de loops na música feita em Portugal. Pensado com             mentalidade livre, daí o seu nome, construído com aquele sentido de             urgência que abraça os que não temem as ideias, é ainda hoje um             registo de puro assombro pop.
Os Pop Dell'Arte interromperam a             sua actividade por algum tempo depois da edição do máxi Illogik             Plastik , em 1989, assumindo João Peste a aventura Axidoxi Bordel             por algum tempo (gravando um EP). O regresso à actividade faz-se             entre 1992 e 93 com uma etapa de nova curiosidade sobre os modelos             da canção e sob evidente curiosidade em aplicar à pop o conceito de             ready made (aí de resto nascendo o título para o álbum editado em             93). Para surpresa de muitos, assinam pouco depois por uma             multinacional, a então PolyGram, para quem gravam Sex Symbol, o mais             versátil e completo dos seus álbuns, antecedido pelo single My Funny             Ana Lana e do qual saiu uma das maiores pérolas da obra do grupo:             Poppa Mundi .
Um vazio de silêncio instalou-se pouco depois. De             formação frequentemente mutante (e pela qual passaram diversos             músicos), os Pop Dell'Arte conheceram em finais de 90 a sua etapa             mais difícil, ocasional boato aqui, projecto ou notícia ali. Até que             em 2002 o EP So Goodnight (a que João Peste chamou, em entrevista ao             DN, um EPÁ) mostrou evidentes sinais de vitalidade criativa num             colectivo forçado a viver num panorama editorial pouco dado a             ousadias. Canções como Mrs Tyler , So Goodnight ou a desmontagem de             Little Drama Boy davam continuidade a um caminho já veterano, nunca             repetido, longe de exausto.
Depois de um elogiadíssimo concerto             make it or break it em Lisboa em Julho de 2005, no qual emergiram             pontuais sons novos, os Pop Dell'Arte regressaram a estúdio, e             apresentam nesta antologia três inéditos, uma vez mais com sabor a             novo, a olhar lançado para lá do momento. Sonhando pop. Sempre pop.             

Nuno Galopim, Dezembro 2005 (booklet POPlastik             1985-2005)

            

* ...e algumas do Porto             (digo eu!!!) 

            

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+ informações: www.passosmanuel.net

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