Programação | Portogofone 07
Portogofone 07
Quatro Dias Europeus do Teatro
6 – 9 Dezembro
Praça Carlos Alberto + Praça da Batalha
Charanga
André Braga & Cláudia Figueiredo | Circolando, Teatro Viriato
[6 + 7] 18:30
Mosteiro de São Bento da Vitória
Estreia Absoluta
Conferência de Imprensa
Alvaro García de Zúñiga | William Nadylam | TNSJ
[6 + 7 + 8] 20:00
Mosteiro de São Bento da Vitória
Ella
Herbert Achternbusch | Fernando Mora Ramos | Teatro da Rainha
[6 + 7 + 8] 21:30
Teatro Nacional São João
Estreia Absoluta
Turismo Infinito
António M. Feijó | Fernando Pessoa | Ricardo Pais | TNSJ
[7 + 8 + 9] 21:30 + 21:30 + 19:00
Teatro Carlos Alberto
Todos os que Falam
Samuel Beckett | Nuno Carinhas | ASSéDIO, Ensemble, TNSJ
[8 + 9] 16:00 + 15:00
Teatro do Campo Alegre
Quarto Interior
André Braga & Cláudia Figueiredo | Circolando, TNSJ
[8 + 9] 21:30 + 19:00
Baixa do Porto
Actos de Rua
Henrik Ibsen, Jacinto Lucas Pires, Jean Cocteau, Luísa Costa Gomes, Padre António Vieira, Samuel Beckett, Sarah Kane | Nuno Carinhas | TNSJ
[8] 9:30-21:00
Mosteiro de São Bento da Vitória
Teatro Europa (Encontro Europeu)
[7 + 8] 11:00-17:30 + 11:00-14:00
37.ª Assembleia Geral da União dos Teatros da Europa
[9] 11:00-18:00
Estreia absoluta
Turismo Infinito
de António M. Feijó
a partir de textos de Fernando Pessoa
e três cartas de Ofélia Queirós
encenação Ricardo Pais
com a colaboração de Nuno M Cardoso, João Henriques
dispositivo cénico Manuel Aires Mateus
figurinos Bernardo Monteiro
desenho de luz Nuno Meira
sonoplastia Francisco Leal
interpretação João Reis, Emília Silvestre, Pedro Almendra, José Eduardo Silva, Luís Araújo
produção TNSJ
Espectáculo em língua portuguesa, legendado em inglês.
O que sou essencialmente – por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja – é dramaturgo. O fenómeno da minha despersonalização instintiva, a que aludi em minha carta anterior, para explicação da existência dos heterónimos, conduz naturalmente a essa definição. Sendo assim, não evoluo: VIAJO. (Por um lapso da tecla das maiúsculas, saiu-me sem que eu quisesse essa palavra em letra grande. Está certo, e assim deixo ficar.) Vou mudando de personalidade, vou (aqui é que pode haver evolução) enriquecendo-me na capacidade de criar personalidades novas, novos tipos de fingir que compreendo o mundo, ou, antes, de fingir que se pode compreendê-lo. Por isso dei essa marcha em mim como comparável, não a uma evolução, mas a uma viagem: não subi de um andar para outro, segui, em planície, de um para outro lugar.
Fernando Pessoa
– Carta a Adolfo Casais Monteiro (20 de Janeiro de 1935)
“Sou a cena viva onde passam vários actores representando várias peças.” A frase que Bernardo Soares escreve pelo punho de Fernando Pessoa é uma das muitas epígrafes possíveis de Turismo Infinito, espectáculo em que Ricardo Pais dobra a esquina de diversas sínteses, empreendendo uma viagem ao fulgurante universo de Fernando Pessoa. O impressivo dispositivo cénico concebido por Manuel Aires Mateus figura a psyche de Pessoa, “porto infinito” onde chegam ou de onde partem o guarda-livros Bernardo Soares, o histérico e futurista Álvaro de Campos, o interseccionista “Fernando Pessoa” e o bucólico mestre Alberto Caeiro. Também Ofélia Queirós – a mulher com quem o poeta teve o único envolvimento amoroso conhecido – é convocada pela dramaturgia finamente urdida por António M. Feijó, que supera a redutora clivagem entre “vida” e “obra”, e põe em relevo alguns ritmos maiores do universo Pessoa. De novo com João Reis no elenco quase residente do TNSJ, mas também com a inspirada inventividade de colaboradores que o acompanham desde 2003, Ricardo Pais experimenta a performatividade da(s) escrita(s) de Pessoa, tecendo um poderoso enredo de estímulos auro-visuais e pondo-nos em contacto com a obra de um homem que, de modo heróico, pretendeu – e conseguiu – “introduzir beleza no mundo”.
Estreia absoluta
Conferência de Imprensa
texto e encenação Alvaro García de Zúñiga
espaço cénico João Louro
desenho de luz Emanuel Pina
interpretação William Nadylam com Alínea B. Issilva
produção TNSJ
Espectáculo em língua
inglesa, com tradução simultânea em português e francês.
Toda a conferência de imprensa tem por objectivo dar a conhecer informações precisas sobre um determinado assunto. Resta definir o que entendemos por “precisas”, “informação”, “dar”, “determinado” e “objectivo”. Mais precisamente: com que objectivo um determinado sujeito dá informações?
Alvaro García de Zúñiga
Alvaro García de
Zúñiga oferece-nos, em estreia absoluta, uma peça onde nos mostra
não haver nada dentro das frases que os políticos, julgando dizer
alguma coisa, pronunciam todos os dias nessas arenas discursivas que
dão pelo nome de conferências de imprensa. Interrompidas a meio ou
repetidas indefinidamente, vão dar sempre ao mesmo: à evidência de
que as palavras, no comércio mediático, não são mais do que meros
instrumentos de dominação. Em Conferência de Imprensa
não existem personagens, nem intriga, apenas um perpétuo círculo
vicioso onde a linguagem não é mais do que um delírio sistemático,
uma coreografia endiabrada de frases feitas que põem a nu o vazio insustentável
do pensamento. Um tratado de patologia linguística interpretado por
um dos mais destacados actores franceses da actualidade, William
Nadylam (foi ele que protagonizou La Tragédie d’Hamlet,
de William Shakespeare/Peter Brook), corpo que encarna a irrisão dos
discursos do poder, a sua incongruência, a sua estupidez. Zúñiga
– poeta de nacionalidade incerta (nasceu no Uruguai, vive e trabalha
em Portugal), cultor de linguagens elásticas e refractárias às normas
– associa-se ao artista plástico João Louro para juntos construírem
um muito paródico contentor cénico, inofensivo na aparência, mas
onde é possível, nas palavras exactas de Karl Kraus, “aprender a
ver os abismos onde existem os lugares-comuns”.
Todos os que Falam
Quatro “dramatículos” de Samuel Beckett
Ir e Vir + Um Fragmento de Monólogo + Baloiço + Não Eu
tradução Paulo Eduardo Carvalho
cenografia e encenação Nuno Carinhas
figurinos Bernardo Monteiro
desenho de luz Nuno Meira
desenho de som Francisco Leal
interpretação Alexandra
Gabriel, Emília Silvestre, João Cardoso, Rosa Quiroga
co-produção ASSéDIO – Associação de Ideias Obscuras, Ensemble – Sociedade de Actores, TNSJ
estreia [24Nov06] TeCA (Porto)
duração aproximada [1:30]
Espectáculo em língua portuguesa.
A voz desenha-me a sua boca, os seus olhos, o seu rosto, faz-me um retrato de corpo inteiro, exterior e interior, melhor do que se estivesse perante mim. A melhor decifração obtida apenas pelo ouvido.
Robert Bresson – Notas Sobre o Cinematógrafo
Todos os que Falam
(2006) é o exemplo mais feliz e mais recente (O Tio Vânia,
de A. Tchékhov, é de 2005) de um conjunto de manobras co-produtivas
que têm envolvido o TNSJ, duas das mais afirmativas companhias do Porto
(ASSéDIO e Ensemble) e Nuno Carinhas, criador indissociável da nossa
identidade enquanto projecto artístico. Muito para além de uma qualquer
obrigação estatutária, co-produzir significa aqui partilhar
métodos de trabalho e afinidades electivas, construindo – com “outros”
– gestos que iluminam e ampliam a nossa programação. Compilação
em cena de quatro dos onze “dramatículos” escritos por Samuel
Beckett entre 1962 e 1984 – muito provavelmente a sua contribuição
mais radical para o teatro do séc. XX –, Todos os que Falam
começou por ser um espectáculo-tributo ao dramaturgo irlandês, no
ano em que se comemorava o centenário do seu nascimento. Fiel ao princípio
de que “menos é mais”, uma equipa de criadores e intérpretes,
liderada pelo apuradíssimo sentido de escuta de Nuno
Carinhas, reconduz-nos à casa da essencialidade beckettiana, esse
lugar estranho mas ainda assim habitável, onde o precário sentido
das coisas do mundo é interrogado por vozes que se materializam no
escuro. Contornada a efeméride, haveria maneira mais eloquente de continuar
a celebrar Beckett?
Ella
de Herbert Achternbusch
tradução Idalina Aguiar de Melo
encenação Fernando Mora Ramos
dramaturgia e direcção de ensaios Isabel Lopes
cenografia José Carlos Faria
desenho de luz António Plácido, Fernando Mora Ramos
interpretação Fernando Mora Ramos, Margarida Mauperrin
produção Teatro da Rainha
estreia [11Nov05] TNSJ (Porto)
duração aproximada [1:30]
Espectáculo em língua portuguesa, legendado em inglês.
José é o filho. Traz uma peruca de penas de galinha feita por ele mesmo e traz vestida uma bata. Não deixa qualquer dúvida de que ele é a mãe. Está permanentemente às voltas com os utensílios do café. Oferece o café, quando pronto, a si próprio, a Ella e ao público. Por fim, embebe um quadradinho de açúcar em cianeto de potássio e mexe, mexe, bebe e cai para o lado com um grande estrondo. O estrondo espanta Ella, que, à vista do morto, se vai abaixo, grita, e, aos gritos, rasga a bata e corre nua pela gaiola até a luz se apagar. Ella é a mãe.
Herbert Achternbusch – Ella
Ella
tem andado de um lado para o outro, numa itinerância indisciplinada,
como “uma cigana, sem papéis”. Mostrou-se em Coimbra 1993 (então
Capital Nacional do Teatro), e foi um êxito inesperado, lendário até.
Ressuscitou, por obra e graça do TNSJ, em pleno Porto 2005 (Capital
Europeia, mas já não da Cultura), agora pela mão do Teatro da Rainha,
companhia que teima em enviar-nos da província postais ilustrados
de um teatro cosmopolítico. Agora que a lenda se tornou um facto,
regressamos ao arame farpado da capoeira concentracionária de Ella,
lugar escolhido pelo dramaturgo alemão Herbert Achternbusch
para dramatizar, a partir de uma longa fala (inculta e gramaticalmente
incorrecta), uma memória pessoal da barbárie nazi. Regresso ainda
a Fernando Mora Ramos, que aqui assina um dos seus mais extraordinários
trabalhos enquanto actor e encenador – austeridade que comunica, e
comove. Ella, vítima superlativa, teria muito que contar, mas especializou-se
na arte de falar em silêncio. José, o filho, roubou-lhe as palavras,
e fala por ela. O corpo mudo da mãe e a palavra torrencial do filho:
ausências e lapsos de expressão que não poderiam senão resultar
na loucura ou na morte.
Charanga
Criação colectiva
direcção artística André Braga, Cláudia Figueiredo
direcção André Braga
dramaturgia Cláudia Figueiredo
direcção plástica João Calixto
composição musical Alfredo Teixeira
realização vídeo
João Vladimiro com a colaboração de Ana Carvalhosa
interpretação André Braga, Bruno Martelo, Hugo Almeida, João Vladimiro, Patrick Murys, Pedro Amaro
co-produção Circolando, Teatro Viriato
estreia [11Nov03] Viseu
duração aproximada [45’]
Porque é tempo de romper com tudo isto / é tempo de unir no mesmo gesto / o real e o sonho / é tempo de libertar as imagens as palavras / das minas do sonho a que descemos / mineiros sonâmbulos da imaginação.
Alexandre O’Neill – “Pela voz contrafeita da poesia”
Fiel aos instintos dos
seus criadores – companhia nómada e teimosamente avessa à ideia
de “obra acabada” –, Charanga reinventa-se a cada
apresentação, adaptando-se aos humores da meteorologia e aos acidentes
dos vários terrenos que tem vindo a pisar desde a sua estreia, em 2003.
Primeira incursão da Circolando
na vida secreta das minas abandonadas e das histórias esquecidas que
as habitam, Charanga resgata das entranhas da terra um grupo
de homens-toupeira para cantar e contar a solidão, o espanto e –
uma vez mais, e sempre – o sonho, temas que este colectivo tem vindo
a aprofundar no seu trajecto de criação artística. Sempre sob o signo
da viagem, Charanga esboça a fuga de uma obscura morada interior
para a extroversão da praça pública. Ao final do dia, quando a noite
se preparar para submergir a cidade, uma demencial fanfarra de sopros
e um carrossel de bicicletas libertam-se nas Praças da Batalha e de
Carlos Alberto, efabulando uma evasão para fora da terra – e do mundo.
Antecipando e complementando outros Actos de Rua deste Portogofone,
Charanga talvez nos conduza em direcção a uma outra cidade, mais
exigente e festiva, menos crucificada. As praças ainda respiram?
Quarto Interior
Criação colectiva
direcção artística André Braga, Cláudia Figueiredo
direcção e concepção plástica André Braga
dramaturgia Cláudia Figueiredo
composição musical Alfredo Teixeira
figurinos Rute Moreda
desenho de luz Cristóvão Cunha
desenho de som Harald Kuhlmann
interpretação André Braga, João Vladimiro
co-produção Circolando, TNSJ
colaboração Centro Cultural de Belém
estreia [11Mai06] TeCA (Porto)
duração aproximada [1:00]
Se nos perguntassem qual o benefício mais precioso da casa, diríamos: a casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa permite sonhar em paz.
Gaston Bachelard – A Poética do Espaço
Estreado e co-produzido
pelo TNSJ em 2006, Quarto Interior inaugurou o ciclo Poética
da Casa, nome de código para um conjunto de três instalações
cénicas onde a Circolando se propõe dramatizar as experiências
e os lugares mais ou menos secretos do nosso imaginário. Com este espectáculo,
a companhia distancia-se do rótulo (redutor, como todos) “Novo Circo”
e ensaia aproximações a um cada vez mais ambicionado teatro dançado,
que prescinde da palavra e de lógicas narrativas, para ir buscar às
artes plásticas (Cells, de Louise Bourgeois, é uma das referências
possíveis) e ao burlesco do cinema mudo (a sombra de Buster Keaton,
os “actos sem palavras” de Samuel Beckett) materiais concretos para
a construção de uma “paisagem de sonho”. Dois actores, uma estrutura
(criatura?) mutante, feita de restos de portas e janelas, uma árvore
despida e uma infinidade de pontos de interrogação. O que é uma casa,
o que é um quarto? Feitos de que memórias? Prisão e universo, recolhimento
e navegação? Dentro e fora de portas, a geografia e a geometria deste
Quarto são decididamente coisas mentais…
Actos de Rua
direcção Nuno Carinhas
produção TNSJ
Hotel Mercure Batalha
[9:30]
Excertos de Nunca
Nada de Ninguém, de Luísa Costa Gomes
| interpretação Alberto Magassela,
Alexandra Gabriel, Inês Mariana Moitas, Ivo Alexandre, Joana Manuel,
Jorge Vasques, Lígia Roque, Marta Freitas, Paulo Freixinho
Estações e carruagens do Metro do Porto
[15:00-19:00]
Monólogos de Peer Gynt, de Henrik Ibsen | interpretação Fernando Moreira, João Castro, Paulo Freixinho
Carruagens do Metro do Porto
[15:00-19:00]
Gravação Áudio | Sermão da Sexagésima, de Padre António Vieira | interpretação Ivo Alexandre
Cabina telefónica, Jardim da Cordoaria
[15:30 + 17:30]
A Voz Humana,
de Jean Cocteau | interpretação Lígia Roque
Edifício Livraria Latina, Rua de Santa Catarina
[20:00]
Projecção Vídeo | Não Eu, de Samuel Beckett | realização vídeo João Tuna | interpretação Emília Silvestre
Praça da Batalha
[21:00]
Monólogo
“O Homem das Castanhas”,
de Arranha-céus,
de Jacinto Lucas Pires | interpretação Jorge Mota
Casas de banho do TNSJ, TeCA, Mosteiro de São Bento da Vitória, Teatro do Campo Alegre
Durante os intervalos dos espectáculos em exibição
Gravações Áudio | Monólogo de Falta, de Sarah Kane | interpretação António Durães + Canções dos Wafers, de Vítor Rua (música) e Jacinto Lucas Pires (letras) | interpretação Joana Manuel
Um homem anda para lá e para cá na figura de Peer Gynt, descascando uma cebola. As pessoas que estão na praça olham cada vez mais umas para as outras, não, observam-se umas às outras: um homem, que de repente ficou louco, berrando desvairado, acalma-se simplesmente porque alguém olha para ele, tal como uma mulher que desata a soluçar e a gritar ou o homem que assobiava desalmadamente; aqueles que os olham fazem-no enquanto se vão aproximando. E também pode acontecer que todos eles fiquem simplesmente ali, uns olhando-se, outros escutando-se, e transformando-se no outro ao se olharem assim, e isto por toda a praça.
Peter Handke –
A Hora em Que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros
Teatro Europa (Encontro Europeu)
co-organização Teatro Nacional São João, União dos Teatros da Europa
colaboração Convenção Teatral Europeia
Depois de, em 2006, encomendar à empresa KEA um estudo sobre a Economia da Cultura na Europa, a Comissão Europeia emitiu já neste ano de 2007 a Comunicação sobre uma Agenda Cultural para a Europa num Mundo Globalizado. Na sequência deste documento, no qual é proposta uma grelha de trabalho para uma nova aproximação ao fenómeno da cultura na Europa, bem como um “método aberto de coordenação” que deverá permitir uma maior coerência entre as políticas culturais dos diferentes países membros, a Presidência Portuguesa da União Europeia promoveu em Setembro passado o Fórum Cultural Europeu.
Neste contexto, o Portogofone assume a responsabilidade de interpelar artistas, gestores das artes, políticos e outros actores essenciais dos processos culturais sobre as condições e os limites da relação entre as políticas públicas e o território da criação teatral. O encontro Teatro Europa, iniciativa do TNSJ e da União dos Teatros da Europa, em colaboração com a Convenção Teatral Europeia, reúne assim no Porto um número considerável de especialistas em torno de três mesas-redondas: Criação Artística e “Identidade Europeia”; Políticas Públicas para as Artes Performativas: Estado da Arte e Futuro aos Níveis Local, Nacional e Europeu; e, finalmente, A Liberdade de Criação e a Diversidade de Expressões num Mundo Globalizado.
Importa não apenas saber
como se gere, e com que objectivos, mas também como se respeita a autonomia
da gestão artística. Importa clarificar qual a intervenção directa
dos Estados através de estruturas de criação e quais as formas de
relacionamento com o tecido independente. Importa, acima de tudo, conhecer
a fragilidade e a natureza essencial dos núcleos de criação para
que se possa sequer falar em indústrias culturais.
37.ª Assembleia Geral da União dos Teatros da Europa
Apenas três anos depois, a União dos Teatros da Europa, a mais importante rede de Teatros públicos europeus, volta a reunir no Porto a sua Assembleia Geral. Em discussão estará a redefinição estratégica de uma estrutura que, ao longo das suas quase duas décadas de existência, assistiu a profundas transformações no próprio conceito de Europa e a uma significativa evolução dos conceitos de governança cultural. Um longo dia de trabalho que culmina um processo de debate interno e avaliação da estrutura que durou um ano e deverá agora plasmar-se numa “estratégia do Porto”, factor de vitalidade da organização para os próximos dez anos