Dominique Villepin no Estoril Film Festival
DOMINIQUE VILLEPIN NO ESTORIL FILM FESTIVAL DOMINGO 8 de NOVEMBRO ANDRÉ MALRAUX - A INVENÇÃO DA POLÍTICA CULTURAL 14:00 - "L'ESPOIR" – um filme de André Malraux CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL Integrado na Programação do Estoril Film Festival de 2009, terá lugar, no Domingo, 8 de Novembro, às 14h30, uma Intervenção de Dominique de Villepin sobre as tendências contemporâneas da política cultural mundial,seguida de debate. Toda a informação em
O SEU CONTRIBUTO E A SUA HERANÇA
15:30 - Intervenção de DOMINIQUE DE VILLEPIN
SEGUIDA DE DEBATE
«Durante
anos, julgou-se, no mundo inteiro, que o problema da cultura era um
problema de gestão do lazer. É tempo de compreender que estes dois
elementos são profundamente distintos e que um é apenas o meio do
outro. É certo que um automóvel é sempre um automóvel, Mas quando este
nos leva aonde queremos ir é bem diferente de quando nos atira para um
precipício. Não haveria cultura se não existissem os lazeres. Mas não é
o lazer que faz a cultura: os lazeres são os meios da cultura.»
Excerto do discurso proferido por André Malraux na Assembleia Nacional Francesa, a 9 de Novembro de 1963
Faz 50 anos que André Malraux, sob a presidência do General Charles de
Gaulle, deu corpo ao primeiro ministério dos Assuntos Culturais
francês. Uma estreia absoluta no panorama político e governamental
internacional que se inscreve na já longa tendência francesa da
condução dos ditames culturais de um país e de um povo por um estado
monárquico, laico ou republicano. Já longa, porque remonta ao reinado
de François Ier, no século XVI, a primeira grande iniciativa de
mecenato oficial, ao atrair para terras gaulesas, a arte e o engenho do
génio de Leonardo da Vinci. Homem de literatura, apreciador das artes,
verdadeiro globe-trotter,
autor eclético e incontestado, reconhecido homem diplomático, Malraux
foi uma das maiores figuras francesas do século XX, bem como um
visionário político que, apesar de se manter junto do poder durante
várias décadas, soube nunca se render às comodidades do poder
estabelecido.
A propósito da «Excepção
Cultural» francesa que, nos anos 1990, se assumiu como um derradeiro
grito de insubmissão ao poder dominante da cultura anglo-saxónica,
sobretudo aquela oriunda dos Estados Unidos e das grandes indústrias
musicais e cinematográficas, será organizada uma comunicação aberta e
que convida ao debate e à reflexão crítica sobre a actual conjuntura
cultural em Portugal, na Europa e no mundo.
Dominique de Villepin, inconformado, gaulista, irredutível nas suas
ideias de pluralidade cultural, é um escritor, um pensador, um homem de
acção e uma reconhecida figura pública na cena política, diplomática e
cultural francesa e mundial. O antigo primeiro ministro de Jacques
Chirac, teve a pasta da cultura tendo sido ainda o dono do ministério
dos Negócios Estrangeiros durante a conturbada investida
anglo-americana (e ibérica) contra o Iraque, perante o silêncio
conformado da maioria dos estados ocidentais. Dominique de Villepin,
tal como se defendera cultural e filosoficamente contra um poder
dominante no mundo, disse não à invasão do Iraque, atirando uma pedra
no charco do pensamento dominante. Disse não, à invasão dos mercados
internacionais pelas majors de Hollywood e
da maiores editoras discográficas dos Estados Unidos, e disse não à
recente e polémica lei Hadopi que prevê a suspensão do acesso à
Internet aos utilizadores que recorram livremente a downloads não pagos
às redes de distribuição oficiais mundiais.
É, pois, de cinema, de
cultura, de arte e de política que se vai falar, no que toca a
liberdade de criação artística mas também, e sobretudo, quanto à
liberdade de escolha, de uma escolha verdadeiramente plural por parte
de todos os públicos. A projecção do filme de André Malraux, L’Espoir,
é mais do que um pretexto para estar presente nesta sessão seguida de
debate cultural. Trata-se de uma produção sobre a guerra civil
espanhola, história de acção sem contornos turvos, abordado pelo lado
do campo republicano, onde o próprio André Malraux alinhou, como tantos
outros intelectuais e artistas seus contemporâneos, marcando corpo
presente na esquadra aérea de resistência.
www.estoril-filmfestival.com