Teatro do Frio
Zulmira Aleluia é a voz que fala ao coração. Alfredo é dono da
tasca. Tonicha é dona do tacho. Israel tem o jantar no estômago e a fronteira
na mão. Vitória envelheceu e continua jovem. Esperança cresceu cedo com um
paninho do pó. Glória e Valentim saltam de cá para lá. Alguém asfixia algures
mas não morre. O que não mata, cura. Um cão pára a uma esquina. A rádio está no
ar!
O
Teatro do Frio estreia no próximo dia 7 de Fevereiro, Retalhos, a sua
mais recente produção financiada pelo Ministério da Cultura/ Direcção Geral das
Artes e dirigida ao grande público, em cena entre os dias 7 e 21 de Fevereiro,
de quintas a sábados pelas 21.30h e de segundas a sextas pelas 15h. no
Auditório da Biblioteca Almeida Garrett no Porto.
Retalhos
é um espectáculo teatral no qual participam criativos da área do teatro, da
música, das artes circenses e plásticas e tem por base histórias de vida
associadas ao objecto mala, recolhidas e registadas ao longo de uma pesquisa
efectuada pelo Teatro do Frio entre Maio e Outubro de 2008. Durante este
período a equipa deslocou-se a diferentes regiões do país, do Minho ao Algarve.
Visitámos associações de moradores e desportivas, lares de 3ª idade, casas do
povo e centros de dia. Encontrámos relatos de saltos à fronteira, despedidas e
reencontros, engenhos para evitar a alfândega, enxovais, funerais de sonhos e
de gente. Tomámos essas memórias, fixámo-las em vídeo e em papel. Fizemos delas
e da experiência da sua recolha ponto de partida para a criação deste
espectáculo.
Retalhos
aposta na mescla de técnicas e linguagens artísticas, procurando nessa
confrontação a criação de um objecto teatral, com uma forte vertente
pluridisciplinar, assente em registos de histórias que nos revelam personagens
ancoradas na nossa cultura.
Com
uma narrativa simples mas não linear inspirada nos registos recolhidos e
dramaturgicamente tratados, Retalhos propõe-nos uma sucessão de quadros que se
desenrolam numa lógica de causa/efeito (tal qual as relações da vida concreta
de todos nós), explorando num mesmo espaço cénico diferentes escalas de
representação (da mais intimista à mais expansiva) tendo como ingredientes essenciais
o susto, a surpresa e a poesia e encontra como enquadramento uma forte
componente visual e plástica.
No
cerne da cena estão as personagens, tal como no cerne da pesquisa estiveram as
pessoas e suas vivências, que funcionam como ponte viva entre as diferentes
componentes do espectáculo – cenografia, adereços, figurinos, luz e som, e o
público.
Retalhos
é então um espectáculo sobre memórias, horizontes e malas. Pessoas em trânsito
entre o cá e o lá. Malas onde transportam memórias, legados para a construção
do futuro. Horizontes aquém e além fronteiras. Um espectáculo sobre o que nos
move, o que nos põe em trânsito tanto na estrada como na vida.
Dois
actores, um malabarista, um músico e uma estrutura cenográfica em constante
recriação apresentam-nos um espectáculo com uma forte componente visual e de
manipulação de objectos, em que o movimento se traduz em ritmo e a palavra,
essencial, em dinâmica sonora.
Complementando
e enriquecendo a apresentação de Retalhos será ainda apresentada uma exposição
itinerante criada a partir de material cenográfico, adereços e figurinos
gerados durante a pesquisa assim como esboços, desenhos, maquetas, memorandos e
até ideias abandonadas relativas à criação do espectáculo.
Ficha
técnica e artística
Direcção
Artística Catarina Lacerda
Assistência
Rosário Costa
Interpretação
Gil Mac, Inês Lua, Rodrigo Malvar e Vasco Gomes
Sonoplastia
Eduardo Silva e Gil Mac
Cenografia
e Adereços Sofia Pereira
Figurinos
Susana Guiomar
Desenho
de Luz Rui Barbosa
Produção
Executiva Marta Lima e Mariana Seixas
Design
Gráfico Susana Guiomar
Produção
Teatro do Frio
teatro.do.frio@gmail.com